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  Crônica de uma paixão denunciada
Andrea Ciacchi
À margem de uma semana cultural          

Para Fagner, o menino da Santa Terezinha.
E para Lane, Joseilda e Márcia.

      Arfa-se e boceja-se, nas calçadas, nos bancos e nas casas ensolaradas de Cabaceiras. A cidade sem mais cabaças: o parque dos xique-xiques. Os velhos e as velhas, mais, muito mais do que as crianças e os jovens, pertencem ao chão e ao sol: nele assentam a sua sabedoria, a riqueza das suas vidas, à espera da morte morna, libertadora.
Dançam e saracoteiam, na calçada da praça de Cabaceiras, as pernas e os tornozelos das meninas. As meninas de Cabaceiras. Sorriem nos seus umbigos, mas o que me perde são, sim - ora! - as suas pernas, pernas finas de ema, de siriema. Mandacarus, mandacaruas. Sem espinhas, mas perigosas mesmo assim, as pernas prometem viagens, alimentam desejos e fugas: fora, fora daqui! Xô!

   Cala-se e explode, quando alguém quer, o silêncio de Cabaceiras. Cala-se debaixo da lua, pois é a lua, quando ela quer, o alto-falante do meu descanso, a rádio difusora da luz que eu perseguira havia tanto tempo, havia tantas léguas. Por que tive que voltar a Cabaceiras, para ter vontade de voltar para Cabaceiras?

   Anda-se e corre-se, nas trilhas dos matos de Cabaceiras: idas e vindas da van: em vão. Vã filosofia, vá. E os bodes que eu quero crus, que eu quero nus (ou as cabritas: mas os anjos terão, agora, e finalmente, sexo, em Cabaceiras?), os bodes que eu quero comer, pois alguém assim quis, junto comigo. No rancho da ema, na fazenda Santa Terezinha: ando, corro e como. Dormir, como sempre, aqui também, ficará para depois.

   Ama-se e sonha-se, enfim, na cidade de Cabaceiras. Com licença, com licença, meus amigos de Cabaceiras.

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