Produzir um filme não é um trabalho fácil. Quando o gênero é o documentário essa dificuldade aumenta consideravelmente, pois, além de um bom personagem e entrevistados é preciso dependendo da proposta, também, um bom incentivo financeiro, que em nosso Estado nem sempre é fácil de conseguir para esse tipo de obra. Foi o que descobriu Mercicleide Ramos, diretora do curta metragem O Olhar de Zezita que conta a vida e obra da atriz paraibana Zezita Matos.
O filme documentário encerrou suas gravações no último dia 15 de julho, contando no seu total com 7 dias de filmagem. A produção iniciou sua empreitada dia 09 desse mês na cidade de Pilar, local onde Zezita Matos nasceu. Mas, para chegar ao seu inicio muita coisa aconteceu antes, como aponta Mercicleide: “começamos a organizar a viabilização do documentário ainda em 2010, mas a idéia de fazer o filme já existia desde 2009. Como não conseguimos incentivo público tivemos que procurar no âmbito privado, e não foi fácil atrair o empresário paraibano para esse documentário, no entanto, percebi que não é impossível. Além de que, contar a história de Zezita, repleta de momentos interessantes e mais de 50 anos de carreira, em pouco tempo não esta sendo fácil”.
Sem uma aprovação em uma lei de incentivo pública, a diretora reforçou seu projeto e partiu atrás de apoio privado. “Para minha surpresa os empresários foram bem abertos e receptivos a nossa proposta. Fizemos reuniões, apresentei o projeto e eles gostaram de nossa iniciativa e idéia. Graças a Deus encontramos pessoas conscientes de seus papéis no apoio a cultura paraibana e podemos dizer que nosso filme é o primeiro totalmente financiado por empresas privadas feito no Estado”, afirma a diretora.
Embarcaram no filme como patrocinadores a Sonho Doce Recepções, Faculdade Maurício de Nassau e Tartaruga Burguer e o Sebrae, como apoio o Projeto Cinema BR em Movimento, Projeto Paraíba Cine Senhor, o Curso de Pedagogia a Distancia da Universidade Federal da Paraíba, a RPG Comunicação, a Pigmento Cinematográfico, a César Filmes, a Funjope, a Fecomércio, a Prefeitura Municipal de Pilar e o Núcleo de Produção Digital da UFPB. O projeto é uma realização da Empresa de Serviços Culturais (Emserc) e do Grupo Castelo Audiovisual.
Davi Abrãao, assistente de direção, aponta como “infelizmente em nosso Estado é preciso ter um grande número de patrocinadores e apoiadores para conseguirmos fazer um filme, mas, esperamos que o nosso seja um primeiro passo para uma nova realidade audiovisual onde os recursos sejam mais acessíveis sempre”.
Com a questão financeira encaminhada o filme começou a contratação de profissionais, como afirma a diretora: ”com o apoio financeiro conseguido pudemos ter profissionais do gabarito de um Lúcio César, para a direção de fotografia, e um Ely Marques, para a finalização do vídeo. Além de boas promessas como o Davi Abraão na assistência de direção, a Kátia Dumont que já tem uma grande experiência em produção televisiva e veio agregar ao nosso filme, o Bruno Alves compondo a trilha sonora totalmente original e a Silmara Braz, uma grande fotógrafa para o Still”.
Participam do documentário amigos, familiares e lugares importantes na história de Zezita, como o colégio Lyceu Paraibano e o Teatro Santa Rosa. A produtora Kátia Dumont, destaca que “é um processo muito complicado selecionar quem é mais interessante ou não para estar no documentário, são tantas histórias e momentos marcantes na vida dessa grande atriz que torna nosso trabalho ainda mais difícil”, conclui sorridente.
O filme também se destaca por outra ação inédita. Aproveitando a parceria da Faculdade Mauricio de Nassau, a diretora selecionou dois alunos do primeiro período do curso de Jornalismo da instituição para participarem das gravações do documentário como estagiários, dando oportunidade para estudantes ainda em inicio de formação conhecerem do processo pratico do mercado audiovisual.
A aluna Michele Gracioso destaca que a “oportunidade é única pra uma estudante que está iniciando sua jornada no jornalismo. Ter acesso a produção de um documentário e poder conviver com pessoas que já estão na área por mais tempo me deixa muito feliz”. Ela ainda ressalta que espera poder observar, aprender e quem sabe acrescentar algo ao projeto.
Outra preocupação da produção do curta metragem é ter um Making Of também de qualidade, pois, segundo a diretora, “nem todo filme feito aqui na Paraíba se preocupa realmente em mostrar com qualidade o processo de construção da obra. Muitos só usam imagens de ‘sobra’ das gravações ou trechos rápidos dos bastidores, pensamos em fazer um produto mais completo e que também tenha a visão poética que nosso filme busca ter.” Os responsáveis por essa visão diferenciada são o diretor Marcelo Soares e o diretor de fotografia Megaron Xavier. Para Marcelo, “relatar o cotidiano de uma produção é mais do que só ligar uma câmera e apontar para as pessoas, é buscar transparecer o espírito por trás do que foi filmado”.
Não só a diretora, mas toda a equipe afirma que estão ansiosos para ver o material finalizado e exibido. “Estou muito ansiosa, já tenho o filme todo montado na cabeça, agora é ver isso transformado em realidade”, destaca Mercicleide. Ela continua dizendo que a atriz Zezita Matos "entregou" sua história nas mãos dela, “uma equipe enorme esta confiando em meu trabalho, empresários estão confiantes no projeto, temos estudantes estagiários colaborando e aprendendo com a equipe, tudo isso só aumenta minha responsabilidade e minha dedicação em produzir um bom documentário”.
Dirigido por Mercicleide Ramos, o documentário em curta metragem O Olhar de Zezita traz a tona a vida e a importância de Zezita Matos, um dos maiores expoentes do teatro paraibano e nome reconhecido também no cinema e televisão.
O filme encontra-se em fase de pré-produção e captação de recursos, como ressalta a diretora: “Estamos colhendo material, conhecendo histórias incríveis dessa grande mulher que além de atriz é educadora, mãe, avó, irmã e amiga. E, em todas essas atividades, Zezita sempre mostra um talento enorme, que já rompeu as fronteiras de nosso Estado”.
As gravações do documentário estão previstas para acontecerem a partir do mês de julho nas cidades de Pilar, Campina Grande e João Pessoa. Para a diretora, a realização desse projeto só é possível por conta do apoio e incentivo dos amigos e de parceiros comerciais. “O audiovisual é um trabalho coletivo, agradeço a meus amigos e aos parceiros que angariei para tornar realidade esse trabalho que fala dessa grande mulher”, afirma a diretora.
A trajetória de vida de Zezita Matos se confunde com a história recente das artes paraibana. Nascida no município de Pilar, interior paraibano, onde descobriu o cinema, a atriz foi estudar em João Pessoa onde teve seu universo artístico ampliado. Um dos palcos desse crescimento foi o colégio Lyceu Paraibano, local de grandes histórias. “São histórias fantásticas que emocionam e mostram a determinação dessa mulher, num ano especial em que demos posse a primeira Presidente do país isso só reforça que estamos no ano da mulher”, aponta Mercicleide.
Zezita Matos já participou de inúmeros espetáculos teatrais no estado e atuou também em filmes como Cinema, Aspirinas e Urubus, O Céu de Suely e Olhos Azuis, além de ter feito uma participação na telenovela Vereda Tropical, todas produções que tiveram sucesso de público e crítica.
Apesar de recente, a trajetória de Mercicleide Ramos também se mostra com um grande potencial. Em seu primeiro trabalho cinematográfico, o vídeo Dois e Trinta, que conta a história do homem mais alto do Brasil na época das filmagens, já foi premiada em festivais e recentemente teve seus direitos de exibição adquiridos pelo Canal Brasil, das Organizações Globo – tornando-a a primeira diretora paraibana a ter uma obra exibida no canal.
O Olhar de Zezita ainda em seu começo também já se mostra como um marco na história do audiovisual paraibano. Pela primeira vez um produto está sendo financiado com recursos da iniciativa privada, já que não concorreu em nenhuma lei de incentivo. “Fizemos o projeto sério e bem elaborado, discutimos em equipe e fomos atrás dos empresários, que graças Deus nos receberam e compraram nossa idéia, o que mostra que eles estão abertos a oferecer patrocínios, desde que percebam organização e seriedade. Estamos dando um fim a era da ‘brodagem’, toda a equipe está sendo paga para desempenhar sua função da melhor maneira possível”, finaliza Mercicleide.
O documentário O Olhar de Zezita é uma produção da EMSERC e do Grupo Castelo Audiovisual, organizações voltadas para difusão do audiovisual do qual a diretora faz parte. Além disso, tem o patrocínio do Sonho Doce Recepções, Faculdade Maurício de Nassau, Tartaruga Burguer, e o apoio do Projeto Cinema BR em Movimento, projeto Paraíba Cine Senhor, Curso de Pedagogia a Distancia da Universidade Federal da Paraíba, Núcleo de Produção Digital da UFPB, RPG Comunicação, Pigmento Cinematográfico, César Filmes, Prefeitura Municipal de Pilar, Funjope, Sebrae e do Fecomércio.
A equipe é formada por Mercicleide Ramos na direção; Kátia Dumont na produção; Lúcio Cesar como diretor de fotografia; com finalização de Ely Marques; assistência de direção de Davi Abraão; trilha sonora de Bruno Alves; still de Silmara Braz; direção de making of de Marcelo Soares e direção de fotografia do making of de Megaron Xavier.
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