Severina de Sousa Pontes, mais conhecida por Zezita Matos, nasceu no município de Pilar interior da Paraíba. Seus pais eram comerciantes e ela era a filha mais velha de cinco filhos.
Quando nasceu, dona Maria José decidiu batizá-la por Severina, no entanto, sua mãe nunca a chamou de Severina, mais sim de Zezita. Só quando vai estudar na escola das Damas em Campina Grande é que descobri que seu nome não é Zezita e sim Severina. No momento da descoberta foi um grande baque, mesmo assim, não se desfez do nome Zezita o qual era acostumada ser chamada. Além desse fato curioso sobre o nome da nossa personagem. Temos um outro também muito interessante. Na década de 60 Zezita fazia parte do movimento comunista, do grupo teatral e das Ligas Camponesas. Um certo dia a polícia esteve no Lyceu Paraibano (escola que estudava) a procura da Zezita Matos e ao procurar na lista dos alunos matriculados não foi encontrado. Afinal, seu nome de batismo era Severina. Zezita disse que nunca usou o nome Severina, mais confessa que foi esse nome que a salvou da prisão.
Zezita lembra com muito carinho da infância em Pilar e quando fala na cidade natal as primeiras imagens que vem a cabeça é do carro de boi, da missa no domingo, das conversas das pessoas que ela escutava sentada no tamborete no comercio dos pais, as cheias do rio, o ônibus que sempre quebrava quando ia para a escola e ela achava isso super divertido porque ficaria olhando a paisagem mais tempo. Hoje, a casa onde ela morou foi transformada em uma escola, o que tem tudo haver com a profissão de educadora que exerce.
Ela disse que em Pilar existe uma mulher que possui vários recortes de jornais e revistas sobre a Zezita. A última vez que ela esteve lá, essa mulher se apresentou para ela e disse admira-la muito.
Quando tinha 12 anos de idade Zezita veio morar em JP com a família. Ela passa a estudar na escola Lins de Vasconcelos e depois no Lyceu Paraibano, onde se envolve com o grupo de teatro e o movimento estudantil. Os pais só permitiam que ela fosse às reuniões do teatro, se um dos irmãos fizesse companhia...era difícil convencer os irmãos, já que, eles achavam os ensaios tediantes e demorados. Até que, um dia seu irmão Everaldo Pontos começou a se interessar pela arte e começou a trilhar o mesmo caminho da irmã.
Aos 14 anos é convidada para o Grupo de Teatro Popular de Arte, onde no principio ela não tinha muito noção de como funcionava. Logo depois, é convidada por esse mesmo grupo para participar do elenco da peça Prima Dona, seu papel era pequeno e de pouca visibilidade. Como muita empolgação ela estudou toda peça e decorou várias falas, para sua sorte a atriz principal não pode comparecer e ela foi informada que a substituiria. Zezita fez uma excelente apresentação e ganhou o papel principal. Essa peça foi exibida no teatro Santo Rosa, onde anos depois ela se tornaria a primeira diretora do teatro. Para ela o Santa Rosa representa um início de sua carreira nos palcos.
Pouco a pouco o amor pelo teatro foi crescendo e ela acabou conhecendo Breno Matos com que se casou e teve três filhos. Uma das filhas seguiu por um tempo a carreira de atriz. Zezita decorava os textos das peças amamentando os filhos e sempre levava as crianças para o teatro. Hoje, é separada.
Em 2007 passa a fazer parte do Coletivo de Teatro Alfenim e o espetáculo chama-se Quebra Quilos, essa peça ela apresentou em vários estados e ganhou prêmios. Ao todo ela atuou em mais de 30 peças e foi vencedora de vários prêmios. Agregado ao teatro ela começa a se dedicar a carreira de educadora (que é uma grande paixão). Primeiro fez graduação em Licenciatura Plena em letras, pela UFPB, em 1972, e começa a estagiar na escola Dom Adauto e logo foi contratada para ensinar e em seguida torna-se diretora. Depois fez Licenciatura Plena em Pedagogia e especialização em Direção Teatral.
Ela fez parte da juventude comunista, ligas camponesas, movimento de cultura popular, teatro de rua, campanha de educação popular – CEPLAR, alfabetização de adultos, aulas aos sábados com Paulo Freire, foi onde iniciou também sua história como educadora. Tudo isso faz parte da sua história como profissional e pessoa.
O seu ingresso para o cinema se deu através de um convite. Seu primeiro filme foi o Menino de Engenho (a mais de 40 anos), em seguida fez vários outros trabalhos na área, dentre eles, A Canga, Cinema Aspirinas e Urubus, Céu de Suely, Alma, Baixio das Bestas, O sonho de Inancim, Transubstancial, e mais recentemente atuou no curta chamado Azul e o longa Olhos Azuis. Ela disse que fez muitos papeis pequenos e todos eles foram muito importantes e deram um salto em sua carreira.
Durante todos esses anos ela resume dois momentos difíceis: a perda de sua irmã quando ela tinha apenas 15 anos de idade e a morte dos pais. Ela lembra que quando estava atuando no palco e por minutos saia de cena, ela parava em um canto e chorava muito...depois voltava e atuava como se nada tivesse acontecido.
Atualmente é professora e coordenadora do Núcleo de Apoio Pedagógico da Instituição, continua atuando no teatro e hoje com uma nova peça e se dedica ao cinema.
Zezita Matos durante mais de 50 anos vem escrevendo uma história de sucesso e colecionando prêmios. Ela é considerada a Dama do Teatro Paraibano. Ela disse que esse título surgiu de uma brincadeira de um amigo e acabou sendo divulgada na mídia como Dama e assim ficou.
Filmografia: